quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entre Parênteses

A brisa está fria,
Alguém passou por lá,
Com pés de veludo,
E odores entrelaçados.

A estrela do prédio alto,
Cinzento e fosco.
Onde moram crianças reformadas,
E gatos pardos.
A cidade está coberta de loucura,
É noite de teatro,
A mente humana desventura,
Nasce um pai num infeliz parto.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Coimbra das minhas córneas

Sentado na varanda glaciar,
Gelam-se as patelas e os metacarpos,
Ergue-se o nevoeiro ao luar,
Agitam-se as bandeiras, balançam-se os barcos.

Os hotéis desocupados,
transpiram em vermelho,
Espetam ferros em velhos estrados,
Reside o pó no velho espelho.

Novas águas deste Mondego
Velhas águas te serviram para amar,
Cansado te peço meu arrego,
E ás pontes, que nunca sirvam de lupanar.


domingo, 22 de agosto de 2010

Lição de Estação

Fraco sentido do vento,
Sensível pálpebra em S.Bento.
Banco de três pernas seu assento.
Velho croché feito ao relento.

Assim se apresenta o seu aposento.
Os olhos desvia a seu testamento.
Aquela dor! Aquele sofrimento.
Seu corpo de nada está isento.
Morre a velha pele leve,
barrada com unguento.
Jaz seu corpo num tapete de cimento.
Ó Senhora da Estação!
Mulher fiel de São Bento!


sábado, 31 de julho de 2010

Fora de Validade

Tudo o que não foi,
Será uma vez só por ser,
Cairá em nós só por querer.
Falará do engano sem o saber.

E por caminhar em silêncio,
E odiar o ódio,
Fiz subir a verdade ao pódio.
E louvei-a com toda a vontade,
Mentira. Estás fora de validade!

Pesadelo

Saltei
E vi que cheguei.
Entrei.
Saí,
Não gostei.
Insistindo.
Puxei!
Olhei.
Abri a mão,
Olhei para o chão,
Era um sonho,
Uma ilusão!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Mundo

O Mundo virou,
e não fui eu que o virei.
Tudo se sentou,
onde eu me deitei.

Deitei-me sob a inércia,
Tapei-me com a loucura,
Sinto-me na Antiga Pérsia,
Numa guerra que perdura.

O Mundo está faminto
por distúrbios mentais,
A dor rege o recinto,
onde entram os mortais.


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tenho o que não guardei

Meu ter em mim,
Serás tu assim,
Que me vê,
E sente,
Que crê,
E não mente.

Vejo por baixo da tua cabeça,
Uma vontade!
Que não há quem mereça,
Essa tua ruindade.

Se te tornas,
E te voltas,
Em águas mornas,
E pedras soltas.
Dir-te-ei,
Porque não entrei
E o que te deixei,
Quando por ti passei.


terça-feira, 18 de maio de 2010

Origem

A dor que no poeta não é sentida,
é a dor que de todo é fingida.
O coração não é transcrito,
mas não é por isso que minto.
Os meus pensamentos voam,
como pessoas que me magoam.
É uma dor instável,
e ao mesmo tempo amável.

Quando na rua passo…
sinto o tal embaraço,
dos leitores não compreenderem,
o que para o papel passo.
A minha poesia transmite
a alma de um pedinte.
O meu coração bate forte,
como se existisse morte.


terça-feira, 11 de maio de 2010

Noites Irreais

Longas noites sem sono.
Onde vivo a loucura do presente,
Como um sonho sem dono.

Aqui quem manda é a irrealidade.
Em que todos submetem à mentira,
E põem de parte a verdade.

Penetram-me todos os temporais,
Todas as vivências!
As pessoas inspiram e expiram,
Bem quente, para cima de mim.
Doentes! Sem saberem onde estão.
É aí que acordo, inspiro e penso.
Já um pouco nervoso e tenso…
Levanto a mão...
Para alcançar,
A forma certa de me acalmar.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quero ser

Quero tudo a menos;
quero mais;
sem o ser;
quero viver;
sem ter;
a alma pesada;
a perna agitada;
e a sombra na calçada;
quero rastejar;
como uma cobra;
no deserto;
quero ficar de tudo longe;
e da minha felicidade perto;
quero ser Eu;
Eu no passado;
sem ser o mesmo trocado;
o embriagado,
quero ser Eu.
Eu:
Feliz,Sorridente,
alegre, Independente.
Quero vaguear na minha mente,
para ela dizer que sou somente
mais um Ser do Presente,
quero ir,
cair e fluir;
sofrer para sentir,
desejar tudo!
do nada se faz,
só em paz.
Ficava,
Amava,
Gostava.
Não implicava,
corrigia por fatia,
sem dividir o preço,
não é isto que mereço.
que parte de mim Eu desconheço?
Que sono babado,
que Homem acordado
Sou Eu?
Onde?
no cume do meu mal?
a mim já nada me surpreende,
no Homem tudo se vende,
já nada é irreal.


sábado, 8 de maio de 2010

Na madrugada embriagada

Diz não mentir,
Eu sou Eu a fingir,
que te remete,
e mete na fome,
que se repete,
e que não come.

Sou eu num estado,
Completamente alcoolizado,
Vou vender-me no mercado.

Sou eu a falar para mim,
Sou a escrever sim.
Contigo sou mais do que Tu,
Contigo vejo a olho nu.
Tudo o que és,
e o que finges ser,
Sou Eu;
Numa noite em que não parecia,
Ela na minha cara se ria,
Eu inconsciente a fazer magia
E ela em casa, pornografia.
Foi daí que pensei,
O que não devia.
Que andava a pensar,
no que não queria.
No que Eu tinha para te dar,
e atrás já se via,
Que prometi nunca mais te amar.

É assim,
A noite tem um fim,
E a vida um começo,
Eu sou assim,
Não me vendo, Não tenho preço.
Sou Eu sempre sem alterações,
Sou Eu,
Que não mudas nas definições,
Sou Eu,
Que tu vês fazer figuras,
Sou Eu,
Quem já não vai nas tuas pinturas.


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Os Pássaros da minha Vila

Já não são os trovões,
Nem os gritos
às Quartas-feiras dos feirantes,
São sim, o cantar dos pássaros,
Que tornam meus dias,
Dias interessantes.

São os pássaros que me acordam,
Em qualquer manhã,
Em qualquer tarde,
São eles que me fazem ver,
Como o Sol arde.

Ao acordar,
Vou à janela espreitar.
Lá estão eles!
No mesmo lugar,
Com o mesmo brilhar,
À espera que o céu se abra,
Para poderem livremente voar.

E eles voam, voam
Para sítios que desconheço,
Um dia voo com eles,
Para ver se de tudo me esqueço.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sei que Pensei

O pensamento que me seduz,
Onde foi que o pus?
Procurei,
E não encontrei,
se calhar nunca existiu,
se calhar nunca o pensei.
Mas eu senti algo na minha cabeça,
Um leve batimento,
Uma certeza.
Um pensamento.

Tenho a certeza que o pensei,
E que me seduziu,
Quando tento procura-lo,
Sinto que fugiu.
Eu sei que ele aqui entrou,
Não sei o que me deixou,
Eu sei,
Eu sei que pensei.
Sei que não foi em vão,
Sei que passou com alguma intenção.
Vou descobrir-te,
Na margem do meu sonho,
Na ponte do meu abrigo,
Desta vez vou querer ficar contigo.


quarta-feira, 5 de maio de 2010

A peça perfeita do teu lar

Tenho escrito no teu chão,
A palavra:Não.
Onde estou,
A palavra: Sou.
Na tua imagem,
A palavra: Personagem.
No teu mal,
A palavra: Principal.


Já não vou na conversa.

Dessa tua peça.


terça-feira, 4 de maio de 2010

Encontrei-te outra vez

Passas por mim,
Finjo que sim,
Falo-te em português,
E tu em mandarim.

É tão bom sorrir assim.
Como teus lábios estão feridos,
Estão despidos.
Gretados,
Esses teus lábios encarnados.

Esse vento frio dá cabo de ti.
Deixa-me de ti tratar,
Teus lábios acariciar,
O teu cabelo amaciar,
E em ti saborear,
O meu verdadeiro mar.
Prometo que não vou dar,
Um passo falso por te amar.
Vou por ti esperar.
Vem a andar
ou a nadar.
Em mim vou-me afogar,
Se deixares a minha porta fechar.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ignorem

Para quem não gosta,
E diz que isto é treta,
Para mim são gosma!
Não cabem na gaveta.

Para aquelas pessoas da intriga,
Que criticam por criticar,
Que estão só por estar,
Que só andam se alguém andar.
Que não sabe ver e opinar.
A essas pessoas só tenho a dizer,
Preocupem-se em fazer!
Em criar, em produzir!
Que a vida não é sempre a sorrir.

Para quem diz que sou um embriagado,
Nas noites do Passado,
É verdade, tenho estado.
Mas anda tudo muito enganado,
Com a vossa opinião,
não fico Eu preocupado.

Para quem diz que isto é atroz,
Desejo-vos felicidades,
E espero que fiquem sós.

Sós na solidão,
Sem ver o sol,
Nem o trovão.

Para quem diz que às vezes sou ruim,
É verdade sim,
Eu às vezes sou melhor,
No meu pior.
Mas apenas na injustiça,
Na falsidade e na mentira.

Para quem quer a verdade saber;
Eu sou um amante do exagero,
Da loucura e do sentimento,
Quando sinto, sinto.
Digo a verdade, não minto.
Não sou um que se esconde,
Sem dizer o que é,
Ganhem coragem,
E quando vos apontarem,
Metam-se de pé.
Assumam, admitam
O que fazem e o que são,
Se assim o fizerem,
Nada vos apontarão.
Se vocês mostrarem a todos o que são,
Não vos criticarão,
nas costas,
Nem dizer que daquele não gostas.
É assim esta sociedade,
Muito fraca de mentalidade.
Se nós nos importarmos com alguma coisa,
Alguma situação, vivência, aspecto.
Se essa coisa nos faz
sentir mal e constrangidos,
Essa coisa é levada
para lá dos nossos sentidos.
Essa coisa é levada até ao fim.
No massacre, no acrescento, na falsidade.
É levada com um fim
de magoar com crueldade.
Se não nos importarmos,
Essa coisa acaba ali.
Amanhã ninguém comenta,
Já não vai ser assunto,
para essa gente barrenta.


sábado, 1 de maio de 2010

A Nossa Nação

Há uma coisa que me faz tanto mal,
Dizer mal do que é Nacional,
Desprezar.
Se nós formos ao estrangeiro comprar,
O nosso País estamos a piorar.
Temos que nos ajudar.
Ajudar a Nação,
Com esforço e dedicação.

Eu sei que por vezes lá fora é mais barato,
É a realidade, é um facto.
E estamos em altura de pensarmos em Nós,
Nos nossos Pais, Tios e Avós.
E não no País.
Que escraviza a nossa raiz.
Eu sei!

Só gostava é que não
se criticasse tanto,
Pois ouvir dizer mal
de Nós não é meu espanto.
Não vamos mais obrigar,
Que as marcas portuguesas,
O seu nome tenham de mudar,
Para lá fora alguém poder comprar.
Vamos massificar,
Esta Nação, esta Pátria.
Vamos lutar por Portugal,
Numa altura que está tudo mal.
Vamos unir-nos e vencer!
Como os nossos antepassados.
Ter força, ser astuto e crer.
Não vamos estar mais parados.
Vamos para frente Portugal!
Orgulhar o que é Nacional!


quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sabes

Sabes que não sou,
Compatível a ti,
Sabes que não sou,
Aquele que ri porque ri.

Sabes bem,
De tão mal saberes,
Sabes tão bem,
De tão má seres.

És tão arrogante,
Quando dizes;
Seres a mais elegante.

És tão arrogante,
Quando dizes;
Que sou mais um livro na tua estante.

Eu sei!
Eu vi!
Eu experimentei!
Eu senti!

Sou mais um nome,
Que escreveste e apagaste,
No teu livro de sonhos,
Vou ser mais do que imaginaste.


quarta-feira, 28 de abril de 2010

Somente Só

Sinto nos pulsos,
Uns soluços,
Que me dizem ser pulsação,
Sinto em meu pescoço,
Batimentos de um coração.

Um coração que aqui terá passado,
E sua dor me terá deixado,
Sinto-o bastante inchado.
Já o médico dizia…
que sou mais um inflamado.

Um doente do Mundo,
Que já está bem lá no fundo,
Quase a terminar.
Á espera que o médico me diga,
Que é só mais uma dor de amar.

De amar sem ter Estação,
De amar sem coração,
De amar só por amar,
De amar a Solidão.

Só, somente.
Só a solidão me mente,
Quando diz não querer habitar,
no corpo de minha gente.


terça-feira, 27 de abril de 2010

Não fui Eu

De um espelho me faço,
De um retrato eu sou,
Já vou ao espaço,
De quem por mim lutou.

Se tudo brilhasse no escuro,
Eras tu o ser do bem,
Eu seria o ser mais puro,
E tu o ser de ninguém.

Quem é quem?
Que te faz bem!?
Pois não é ninguém,
Se ninguém o é,
Devias tu não ser,
Um dia vais perceber,
O que te dou a aprender.
Pensas que a razão de ter por ter,
Não tem razão de ser.
Então reflecte,
Nada se repete,
A não ser tu em mim,
A seres tu o bem
E eu o ruim.
Vê que ninguém te faz bem.
Por seres daqui ou de além
Quem te diz ser ninguém!?
Quem faz por ti o mal,
Só para ver o bem!?
Pensa que tudo vem,
Que ninguém fica sem
o que tem.
Não é palavra de quem,
Que só por si vem,
Não é ninguém,
Que faz por ti o bem.

Não sou!?
Não sou Eu quem por ti lutou?!
Pensa!
Pensa no que realmente se passou.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sê Tu! Multiplica a tua Divisão!

Consegui abrir porta,
Mesmo com a chave torta,
E a fechadura morta.

Entrei,
E assim fiquei.
Sem saber,
O que iria ver.
Esperei,
Até ter,
A razão de tudo ser.

Pintava nas paredes,
Um desenho de quem dança,
Sentindo que já me cansa,
O facto de me fazer criança.

Na cadeira me sentei,
Para falar com o tal Rei,
Que em mim julgava,
Tudo o que não gostava.

Já se fazia tempo
De aprender;
A ler e a escrever.
A subtrair e a somar.
Para um dia alguém me ensinar,
o valor de dividir e multiplicar.

O tempo passou...
E esse dia chegou,
E foi ele que ensinou;
Que nem somado,
nem subtraído.
Prefiro ser multiplicado
do que dividido.


sábado, 24 de abril de 2010

Mãos em Reflexão

Avisei teu aviso,
Para não se rir do meu sorriso,
Que amanhã pode ser preciso,
Teres-me a mim como motivo.
Pensa bem antes do juízo,
Antes de pisares o que eu piso.

Se gostas de o mostrar,
Encontra-me a deitar,
Meu ódio na almofada.
O teu ego não vai saber de nada.
Esconde-te na trincheira,
Onde te refugiaste a vida inteira.
Segreda o teu Eu,
Não faças do teu modo o meu.
Cai em ti.
Pensa no que era teu.
Que eu já sou quem não queria ser ontem.

Tenta encontrar no chão os pedaços,
Dos meus abraços,
Que fizeram de nossos dias,
Estes dias escassos.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Extinguiu

Um dia olhei para a verdade,
Disse-me que era a mentira.
Disse-lhe que a sua arma não tinha mira,
e que minha mágoa ainda respira.
Quis saber porque a todos mentia!?
E no Homem o que pretendia!?
Enquanto a interrogava,
Ela para meu olho esquerdo olhava,
Dizendo que de mim extraía,
Mais que uma simples alegria.
Eu sem entender,
e com medo de me perder,
Fui atrás sem ceder.
Mas a noite já se fazia dia.
E o sol já sucumbia,
Naquela manhã fria.

Entre passos fui andado,
E por chegar fui chegando.
Até que realmente cheguei ,
E minha cabeça levantei,
Para ver escrito na porta:
Volte em outra hora.
Virei costas e fui embora.

Ao chegar ao Mundo da verdade.
Calquei sem querer a falsidade.
Deparo-me com a mentira!
Seu sorriso a brilhar como safira.
Perguntei-lhe o que ali fazia.
Ela engasgada me respondia:
Fui só dar conta de mais um dia.


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sem ti Senti

Ao pedir-te um abraço,
Sem ti nos braços,
pensei que ias dar,
Mais um dos teus laços.

Laços teatrais,
não te sinto quando cais.
Nem me ajudas a levantar.
Já parti por ti,
só para te ver chegar.

E tu chegaste,
Aonde eu não cheguei.
Agora sem ti,
Sou mais do que imaginei.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Seres na Confiança

Passa alguém por mim que me diz:
Olha um bicho de seda!
Ainda é aprendiz!
Ainda vais ser borboleta,
Deixar de querer ser poeta;
E voar como uma perdiz.
Tens muito que aprender,
Muitas árvores para subir,
Muita folha para comer,
Muita dor para sentir.

É aqui que saio,
Pela porta de entrada,
Tento ver que sou mais que nada,
E a pessoa menos que eu.
Dizer-lhe que oiço conselhos,
Mas não o seu.
Então vou continuar a escrever,
Sem ter que ter,
A obrigação de um Ser normal ser.


Escada Rolante

Fiquei parado na escada,
Enquanto ela rolava…
Via meio Mundo passar,
Via o fim a chegar...
E a minha decisão por tomar.

Foi aí que eu pensei que pensar,
Me metia louco.
Eu a pensar que pensar era pouco…
Aí descobri, que...
a minha moeda também tinha troco.


Era uma vez..

Olá a todos!

Decidi criar este blogue com intenção de vos mostrar alguns poemas meus, algumas frases e também alguns pensamentos.
Espero que gostem do que vão ler, o objectivo é que cada poema que faça, encaixe, num dia, num sentimento, numa vivência vossa.
Boa Leitura a vocês todos.

Obrigado :)